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LAGOS – DEZ COISAS QUE NÃO PODE PERDER

LAGOS – DEZ COISAS QUE NÃO PODE PERDER

Da inspiradora brisa histórica ao caminhar pelas ruas da cidade, à exploração da costa d’oiro, recorte naturalmente perfeito que deu lugar a mais um pedaço de história no mar, Lagos é motivo de encantamento e deslumbre. Se estiver a pensar visitar a cidade, este artigo, ao nomear as dez coisas que não pode definitivamente perder, é para si.

Lagos, cidade dos feitos no mar, «antiga janela portuguesa para o mundo», com mais de 2000 anos de história, encontra-se no extremo sul de Portugal e é objeto de vivência e imaginação constantes.


1. COSTA D'OIRO

Falar de Lagos sem referir a costa d’oiro é praticamente impensável. A linha de praias perfeitamente desenhada no atlântico – praia da “batata”, praia dos “estudantes”, praia do “pinhão”, praia da “dona Ana”, praia do “camilo”, até à “ponta da piedade”, tem sido alvo de críticas ecoantes nos media internacionais, despertando a curiosidade de turistas de todas as partes.

De ano para ano, as praias enchem-se de gente e as visitas guiadas às grutas são constantemente solicitadas, de tal forma que passou a ser comum falar de “tráfego no mar”, com a multiplicação do número de barcos e de kayaks, notável sobretudo nos principais meses de verão.

A “Praia da batata”, originalmente denominada “Praia Formosa”, fica a poucos metros de distância do centro histórico de Lagos e é a primeira praia (a oeste) a seguir à ribeira de Bensafrim. De seguida, os “Estudantes”, o “Pinhão”, a “Dona Ana”, considerada em tempos «a mais bonita praia do mundo», onde é possível iniciar uma viagem às grutas conduzida por pescadores locais, e ainda o “Camilo”.

O fim da costa é marcado pela presença dum promontório: a “Ponta da Piedade”. Reza a lenda que as mulheres choravam, em tempos, a partida sem destino dos seus maridos naquele ponto estratégico com vista sobre o atlântico. Daí veio a ponta da “Piedade”, que é também onde se situa um dos 28 faróis de Portugal continental, com um alcance superior a 15 milhas náuticas.

Todas as praias estão delimitadas por formações rochosas, onde as grutas e furnas têm um papel de ouro ao longo da costa. A visita às grutas é possivelmente o top 1 das atividades mais procuradas pelos turistas, que podem optar por barcos de pesca, kayaks ou pranchas de stand up paddle. Há também quem se muna da sua própria máscara de snorkelling para explorar as águas cristalinas da costa d’oiro. 


2. MERCADO MUNICIPAL

Às sete da manhã as portas do mercado abrem. O peixe vai do mar para as bancadas frias. Os vendedores distribuem as diferentes espécies de peixe pelos expositores de mármore e afinam as cordas vocais, para começar mais um dia de trabalho. Há de tudo: dourada, robalo, salmão, atum, lula, linguado, salmonete, polvo, raia, abrótea. Fresco, acabado de apanhar.

Subindo ao segundo andar, o cheiro muda de intensidade. As frutas, os legumes e vegetais, as compotas, as especiarias, os frutos secos, os pequenos regalos com um toque muito algarvio, marcam presença nos expositores e preservam a aura de uma região de gastronomia rica, colorida e saudável.

A inauguração do edifício remonta a 1924, mas foi só em 1950 que o mercado passou a ter a zona do rés-do-chão dedicada à venda de peixe. Até aí, o “mercado da fruta”, como era conhecido, só vendia frutas e leguminosas. Entre 2002 e 2004, o espaço do mercado municipal de Lagos foi remodelado. A necessidade de modernizar o edifício e torná-lo também um espaço de convívio não deixaram por isso adormecer as marcas da tradição e do espírito do comércio tradicional.   O painel de azulejos na parede que acompanha a escadaria da entrada do mercado é uma das marcas da modernização do espaço, traduzindo cor e vivacidade.

O terraço do edifício detém uma vista panorâmica sobre a marina de Lagos, a Meia Praia e o rio. É também no último piso que está localizado o único restaurante do edifício e onde é possível aceder diretamente ao Centro de Ciência viva de Lagos.


3. IGREJA DE SANTO ANTÓNIO

A igreja de Santo António, anexa ao Museu regional de Lagos, foi edificada em 1707 e passou a fazer parte do património nacional em 1924. O monumento reflete a arquitetura do século XVIII, de estilo barroco, e é todo revestido a talha dourada, o que faz com que seja um “must see” dos monumentos históricos nacionais.

O terramoto de 1755, ao qual acabou por se seguir o maremoto, contribuíram para grande parte da destruição da bonita igreja de Santo António, o que levou, catorze anos mais tarde, o então comandante do regimento da infantaria de Lagos, Hugo Beaty, a reedificar o monumento. A única lápide sepulcral da igreja contém por isso o seu cadáver.

O teto da igreja é todo ele coberto por uma abóbada em berço, onde se pode ver o símbolo do brasão das armas de Portugal, centrado e em contraste com o dourado da talha que predomina em toda a igreja. Contém inúmeras figuras de anjos espalhados pelos vários pontos do edifício e ao longo das paredes laterais pode ver-se oito quadros representativos de cenas da vida de Santo António de Lisboa.

O pormenor da talha dourada (trabalho atribuído a Custódio Mesquita) e dos azulejos brancos e azuis empregam à igreja de Santo António uma beleza histórica e arquitetónica únicas e vêm confirmar a consideração de que a igreja de Lagos é a das “mais bonitas igrejas do país”.

O monumento, que é uma inspiração do período barroco português, faz parte do património nacional desde 1924.

4. BAÍA DE LAGOS

A meia praia é um elemento vivo da beleza de Lagos. São cerca de 4 km de um vasto lençol de areia fina e branca, banhada pelo azul-verdejante do atlântico. Ao longo de toda a praia há bares, restaurantes, atividades marítimo-turísticas variadas e o cenário deslumbrante do ambiente de praia que coabita com a cidade.

O comprido areal acompanha o percurso desde a barra de Lagos até à barra de Alvor, onde se encontra a famosa ria de Alvor. A lenda diz que, em tempos distantes, as pessoas que desciam da montanha para ir até à praia escolhiam a zona que divide a praia pela metade. E por isso passou a ser referida como “meia” praia, tal como é hoje conhecida. Apesar de no Verão ser predominante o vento Norte, que se faz sentir em locais mais desprotegidos como a meia praia, a sensação de contemplar a baía, com a cidade ali à mão, abraçada pelo beijo do sol e recolhida por entre os amontoados de casas, é única.

Das fotografias de vista aérea que existem da cidade, é possível ver a dimensão da baía de Lagos bem como o formato em arco, uma “meia-lua”, de onde poderá, também, advir o seu nome.


5. AVENIDA DOS DESCOBRIMENTOS

De um lado, as muralhas de Lagos e a praça do Infante Dom Henrique; do outro lado, a serenidade do rio. São assim os passeios ao longo da Avenida dos Descobrimentos, inaugurada em 1960 e onde existe uma ponte levadiça que liga o centro histórico à marina de Lagos.

Desde a foz do rio até à ponte dona Maria (o limite a norte da avenida), o piso é todo ele um corredor de calçada portuguesa, numa combinação equilibrada de branco, negro e encarnado, que ressalta a originalidade da apreciada técnica portuguesa.

A avenida dos descobrimentos, que surge das comemorações dos 500 anos da morte do infante dom Henrique (1460), propostas pelo Estado Novo, é um dos ex-libris da cidade de Lagos. Os passeios ao longo da avenida permitem absorver a nostalgia de Lagos e a luz calma do rio, que costuma ser porto de abrigo da caravela “Boa esperança”, uma réplica das embarcações dos séculos XV e XVI, por meio das quais se desencadearam os descobrimentos marítimos portugueses.

Para chegar à meia praia, a caminhar, muitas pessoas percorrem diariamente a avenida, onde atravessam a ponte que as leva ao lado este da cidade.  É por isso um marco alusivo à vivência em Lagos.

6. MERCADO DOS ESCRAVOS

Situado num dos vértices da alusiva praça do Infante Dom Henrique, o mercado dos escravos é, ao que tudo indica, o primeiro da Europa quatrocentista, tendo o primeiro carregamento de escravos vindo do Golfo de Arguim (Mauritânia), em 1444.

Convertido em 2010 no núcleo museológico do mercado de escravos, este edifício de «arquitetura racionalizada, erudita e simétrica» faz parte da classificação de Monumento de Interesso Público (MIP), desde 20 de fevereiro de 2014.

O primeiro piso chegou a ser utilizado como Casa de Vedoria e Alfândega (dando nome a uma das ruas da praça - Rua da Vedoria), Casa da Guarda e prisão militar.

O mercado dos escravos é uma construção renascentista de grande riqueza arquitetónica cuja construção remonta a dois períodos distintos: o período quatrocentista, no caso do piso térreo, destinado ao mercado de escravos; e o período seiscentista (1697), no caso do 1º andar, destinado ao corpo de Guarda.

O edifício funciona ultimamente como galeria de arte, mas encontra-se agora encerrado para obras de requalificação e reestruturação do conteúdo expositivo. A reabertura está prevista para abril do presente ano.

Este emblemático monumento de Lagos, situado num dos pontos de maior interesse turístico, cristaliza na história de Portugal o capítulo intemporal dos descobrimentos marítimos portugueses. 


7. O MAR NA MESA

Quem é algarvio, desde cedo se acostuma ao cheiro do peixe a assar nos terraços (das vizinhas) e à sensação de comê-lo fresco e suculento, acabado de apanhar.

Quem é algarvio sabe também o prazer de comer uma boa caldeirada de peixe e uma feijoada de búzios; o recheio duma sapateira e o travo do limão numas ameijoas à Bulhão Pato; a intensidade duns carapaus alimados e a gulodice de umas lulas recheadas com presunto e linguiças. E, claro está, a fatia de pão caseiro a embeber a gordura de umas boas sardinhas assadas. 

Esta riqueza gastronómica que, em conjunto com outras preciosidades de Sul a Norte de Portugal, valeu à dieta mediterrânica a integração na categoria de Património Imaterial da Humanidade, enche os turistas de curiosidade e fá-los querer entrar na pele do local, nem que por apenas um dia.

Lagos começou por ser uma vila piscatória, desde sempre ligada ao mar e à venda de peixe. Também no contexto do crescimento da indústria conserveira, que disparou com o iniciar da primeira guerra mundial, uma vez que as conservas alimentaram os soldados nas trincheiras, a cidade assumiu um papel fundamental.

A sensação de proximidade com a terra e o mar, de consumo dos produtos locais, de sustentabilidade ambiental e de aposta em pratos saudáveis e com sabor único, aproximam os algarvios da mesa, do costume e da tradição. 

 

8. DOCE ALGARVE

A doçaria regional é uma das grandes tentações do Algarve e marca a passagem dos povos árabes pela região do Sul.

Em Lagos, a experiência que começa com os cabelos ao vento e os lábios salgados do mar e acaba com a doce sensação da amêndoa, do figo e da alfarroba à moda do Algarve, é a mais desejada.


A expressão confirma o costume no Algarve, «o mar comanda a mesa e a amendoeira a sobremesa», e faz crescer água na boca.

 O doce património gastronómico do Algarve levou à criação do festival “Arte Doce”, que teve lugar, pela primeira vez, em 1986, no auditório municipal de Lagos.


Bolo de alfarrobaA farinha de alfarroba serve como substituto do cacau, mas é menos expressiva em açúcares e gordura. Uma dentada basta para sentir o sabor suave e intenso, em que o doce está bem camuflado, desta delícia gastronómica.  


Bolinhos de Doce Fino Estas pequenas delícias de amêndoa, açúcar e claras de ovos, em formas variadas como peixes, flores e frutas desfazem-se na boca e remetem para aquilo que o Algarve tem de melhor. Este doce é feito a partir de uma mistura de massapão, daí os estrangeiros se referirem ao doce fino como bolinhos de “marzipan”.


Dom Rodrigo É um doce conventual de fios de ovos, húmido e delicioso, com o travo da amêndoa e da canela em sintonia com o açúcar. Normalmente envolve-se em papel de prata de cores diversas e é a grande marca da doçaria regional e de Lagos.

MorgadoO morgado (ou morgadinho) é outra das grandes delícias do doce Algarve. Este é um bolo de amêndoa, com recheio de gila e ovos moles, que leva cobertura de glacé.  Normalmente é decorado com pérolas de açúcar e com flores feitas em massa de amêndoa, em alusão às amendoeiras em flor.

Queijo de figoMais uma vez a representar o que o Algarve tem de melhor, esta receita é feita à base de figo, amêndoa, canela e açúcar. “Queijo” devido ao formato; figo por ser o ingrediente-chave, juntamente com a amêndoa, deste típico mimo algarvio.

  

9. ANIMAÇÃO NOTURNA

Lagos é constantemente procurado por turistas de todo o Mundo. A geração mais jovem tem sido fortemente atraída para o destino a sul de Portugal, onde as praias são paradisíacas, o clima é moderado, a comida é deliciosa e a animação noturna é garantida.

Principalmente no Verão, a cidade ganha uma aura contagiante, as ruas enchem-se de gente, a praça principal acolhe vários artistas de rua, os cocktails refrescam e a música soa ao ritmo do espírito e do calor algarvios.

Lagos foi, em tempos, o centro da animação noturna de todo o Algarve. Apesar de, ao longo dos anos, as tendências terem mudado, a cidade do Algarve mantém o espírito festivo e tem vindo a ser procurada por uma camada mais jovem de turistas de várias partes do mundo, que contribuem para diversificar a identidade da cidade.

A animação noturna em Lagos serve todos os gostos: desde bares pequenos e mais personalizados, a clubes e pubs, a discotecas com dj’s e bares com música ao vivo, festivais de praia (como a tradição do banho 29) e o simples deambular pela avenida, que proporciona o cenário da cidade iluminada, agitada e desejada, fazendo com que dificilmente se esqueça os encantos de que é feita. 


10. LAGOS CULTURAL

Apesar da globalização e do turismo em massa, Lagos nunca perdeu a sua identidade histórica e cultural. Com o despontar da arte urbana nas cidades espalhadas pela Europa, também a cidade algarvia a que muitos associam meramente o turismo de sol e praia, adquiriu valor artístico.

Em 2011, uma iniciativa do LAC (Laboratório de Artes Criativas) fez nascer o “Arturb” (Artistas Unidos em Residência), um projeto que tem unido artistas de diferentes lugares do mundo em torno da criação artística na cidade de Lagos. Este projeto tem sido desenvolvido mediante duas modalidades: a residência artística anual no LAC (sediado na antiga cadeia de Lagos, onde cada cela corresponde ao espaço de cada artista); e o Arturb in my Wall, em que os artistas, isoladamente, pintam os murais da cidade. O resultado é o aproveitamento de espaços abandonados no centro histórico de Lagos, que resulta numa exposição deambulante e a céu aberto, revelando a assinatura artística de várias personalidades, nacionais e internacionais.

Por outro lado, o Centro Cultural de Lagos é um espaço multidisciplinar que surge com exposições, espetáculos de dança, teatro, concertos, animação cultural e outro tipo de iniciativas que promovem a dinamização cultural de Lagos. Dispõe de um auditório com capacidade para cerca de 300 espetadores e uma área de exposições temporárias que se distribui por três salas.

Em Lagos é também possível encontrar um cinema, um museu regional e outro museu alusivo aos descobrimentos marítimos, uma biblioteca municipal, um centro de ciência viva (que promove a cultura científica e tecnológica junto dos demais), uma associação de teatro experimental e, ainda em processo de desenvolvimento, um espaço de co-work, que consiste num espaço de trabalho colaborativo de onde resulta a sinergia de pessoas, áreas, ideias e projetos. 

  

Para chegar à meia praia, a caminhar, muitas pessoas percorrem diariamente a avenida, onde atravessam a ponte que as leva ao lado este da cidade.  É por isso um marco alusivo à vivência em Lagos.

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